A minha infância sempre foi muito alegre, era uma criança totalmente livre, brincava na rua até tarde, sem perigo nenhum, muitos amigos e muitas brincadeiras saudáveis. Adorava andar de carrinho de rolimã, jogar fubeca e soltar pipa, já deu para perceber que eu era bem moleca. Minha família sempre foi muito simples, minha mãe sempre pintava as paredes da sala de azul, um azul bem forte, no canto da sala em cima de uma mesinha ficava a televisão que era em preto e branco e ao seu lado o estabilizador, sem ele a televisão não funcionava, no outro canto ficava a vitrola, aquelas com seu próprios pesinhos, era toda de madeira, era linda, e tocava muito os LPs
do Roberto Carlos. Só assistia televisão nos dias de chuva, é claro quando ela funcionava, pois adora uma rua, não ligava muito, queria mesmo era brincar. Todas as manhãs, ou melhor todas as madrugadas minha mãe se levantava para ir trabalhar, a primeira coisa que fazia era por água para esquentar para fazer o café, e ligar um rádio que ficava em cima da geladeira, e escutar a hora certa no Zé Betio, e ele dizia, olha a hora, olha a hora, falava a hora e colocava o som de um galo cantando, eu dava uma acordadinha, sentia o beijo de minhã mãe nas minhas bochechas, e dormia de novo.
O telefone, o video cassete e o microondas demorou muito para chegar na minha casa, era só para quem podia mesmo.
Os moveis da cozinha eram todos vermelhos, e a geladeira quebrou, sem nenhuma chance de conserto, era muito velha, minha mãe foi na loja e comprou uma nova, era branca e tinha o freezer para fora, nossa era muito linda, e o restante dos moveis ficaram vermelhos.
Aos poucos tudo foi se modificando, a televisão a cores chegou, e um aparelho de som novo também, tudo com muito sacrificio, fui crescendo, e os namoradinhos aparecendo, minha sorte era que o orelhão era perto de casa, não vivia sem as fichas telefônicas o que era usado na época.
Aproveitei demais minha infancia, minha juventude, minhas irmãs começaram a trabalhar, assim o orçamento melhorou um pouco, e eu cuidava da casa, e logo chegou o video-cassete, ficavamos horas assistindo filmes.
Quando minha mãe conseguiu comprar o telefone dela ,eu já tinha me casado, e logo comprei o meu.
Hoje vejo como tudo mudou, quando ganhei meu primeiro celular, que não faz muito tempo, eu tinha vergonha de atender ele na rua, dentro do onibús então era pior, mas logo me acostumei, no começo do ano passado eu e meu marido compramos o computador, justamente pela faculdade sabia que ia usar muito, vejo agora que não foi só por esse motivo, pois tudo está sendo voltado para a tecnologia, e até minhas filhas de seis anos, já usam ele, controladas com uma hora para cada.
Nosso microondas ano passado quebrou, no inicio foi dificil ficar sem, não deu para comprar outro logo, ainda bem, pois hoje vivo muito bem sem ele, economizo na energia e ainda colaboro com a camada de ozônio.
Tentamos em casa, passar o verdadeiro valor da familia para nossas filhas, e uma coisa que não abrimos mão de jeito nenhum, é de todos os dias jantarmos juntos, sem televião, sem rádio, somente o som de nossas vozes, isso para mim é essencial, e é nesse momento que nossa famila se completa, com pai, mãe e filhas.
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Um comentário:
Nossa, Eliandra, você me trouxe recordações muito boas, quando recordou do Zé Betio no rádio...
que gostoso te conhcer melhor... Tem filhas gêmeas?
Adorei sua família, parabéns!!
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